Para entender o peso do retorno do Náutico aos Aflitos, a
história não pode ser narrada somente no presente. As decisões do passado e as
projeções do futuro dão o tom da reabertura do estádio. Da parceria com a Arena
até as expectativas de crescimento pós-volta ao Eládio de Barros Carvalho, o
Timbu precisou mudar o pensamento político, retroceder com alguns projetos e
ter muita paciência.
A
despedida...
Em outubro de 2011, o Náutico
assinou um contrato que estabelecia parceria de 30 anos com a Odebrecht, que
comandava a Itaipava Arena Pernambuco - ainda sem a preposição
“de” entre as palavras e com o nome da marca de cerveja na frente. No acordo, o
Timbu passaria a mandar seus jogos em São Lourenço da Mata a partir de 2013.
Receberia R$ 500 mil por mês. A decisão entre os conselheiros foi quase
unânime.
A estreia no estádio foi em
maio de 2013, em amistoso contra o Sporting/POR.
Empate em 1x1. Daí por diante, os Aflitos ficou
em segundo plano - recebeu apenas um jogo dos alvirrubros, em 2014, na derrota
dos mandantes por 1x0 para o Avaí, pela Série B. Ao todo, o clube fez 154
confrontos na Arena. Foram 80 vitórias, 32 empates e 42 derrotas. Um
aproveitamento de 58,8%. O clube marcou 220 gols e sofreu 157.
A média de público do Náutico na
Arena, nos anos seguintes, foi pífia - com exceção de jogos importantes. “A
torcida não abraçou o estádio e sentia falta dos Aflitos”, disse
o presidente do clube, Edno Melo. A casa alvirrubra ia “sobrevivendo” com
outros eventos, como jogos de futebol americano. Os cuidados com o gramado e as
estruturas eram quase inexistentes. Em condições precárias, o estádio precisava
de uma reforma urgente.
Em fevereiro de 2017,
convivendo com a queda de torcedores nas arquibancadas e após romper a parceria
com a Arena, que passou a ser gerenciado pelo Governo do Estado, o Náutico iniciou
as reformas nos Aflitos. Um ano e nove meses depois, com
aproximadamente R$ 4 milhões investidos, o estádio foi reaberto.
E
o retorno...
A palavra “resgate” é umas das
prediletas dos dirigentes do Náutico. O
conceito parte do princípio que o estádio será a base do crescimento para os
próximos anos. Ter o antigo mando de campo é apenas o início. Os alvirrubros
voltaram para casa, mas não querem que a festa termine por aí.
Na grande maioria dos jogos, o Náutico teve
prejuízo ao jogar na Arena de Pernambuco. A baixa média de público no estádio
era a maior vilã. Com exceção de grandes partidas, como as da final do
Pernambucano e do mata-mata da Série C, o Timbu teve arquibancadas vazias nos
últimos anos.
Em 2012, no último ano que
disputou uma temporada inteira nos Aflitos, o
Náutico teve média de público de 12.894 pagantes. Marca superior a de qualquer
um dos cinco anos na Arena de Pernambuco. Em 2019, o Timbu terá mais apoio das
arquibancadas e, consequentemente, mais renda nas bilheterias.
A volta ao estádio também
promete impulsionar a quantidade de associados. O afastamento momentâneo do Eládio de Barros Carvalho esfriou
o ânimo dos alvirrubros, estagnando o quadro de sócios. Com o novo programa
“Nação Timbu” e o projeto de instalar comércios dentro da sede, o clube
pretende criar uma renda extra e atrair mais torcedores para contribuírem com o
Timbu. Os alvirrubros ganharão em contrapartida mais vantagens do que apenas
assistir aos jogos.
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