Casaco, gorro, bota. Se o frio
traz a rotina de revirar o armário em busca das roupas de inverno, também faz
também o motorista perder o hábito de ligar o ar-condicionado do carro.
Acontece que o equipamento não
deve ficar totalmente esquecido até a próxima onda de calor chegar.
Ele serve para manter a cabine
agradável em viagens longas com a família. E também ajuda a manter a
visibilidade de para-brisas e janelas em momentos de alternância entre a
temperatura externa e interna (frio, chuva…).
Além disso, mesmo no frio, é
importante manter o equipamento em funcionamento e fazer a limpeza periódica do
sistema de climatização. Isso evita a proliferação de fungos e bactérias, que
causam cheiro ruim na cabine e podem disseminar doenças, e aumenta a vida útil
do equipamento.
UOL Carros procurou o
engenheiro Francisco Satkunas, conselheiro da SAE Brasil (Sociedade de
Engenheiros da Mobilidade), e reúne 15 dicas sobre o uso do
ar-condicionado neste período.
1. Deixar de usar o
ar-condicionado do carro pode causar problemas?
Sim. Como o ar-condicionado
veicular, é um sistema complexo, com compressor, gás refrigerante e
condensador, é sempre bom acioná-lo para evitar que falhe por falta de uso. ?O
sistema pode se tornar inoperante se ficar parado, mesmo que por poucas
semanas?, alerta Satkunas.
2. Qual a frequência e por quanto
tempo deve-se ligar o ar-condicionado?
Para mantê-lo operante, a
recomendação é ligar o ar-condicionado ao menos uma vez por semana — e no
máximo a cada 15 dias –, por 5 minutos ininterruptos.
3. O ar-condicionado precisa estar
desligado quando der a partida no carro?
Não. Na década de 1990 essa era
uma prática comum e recomendável para não sobrecarregar o motor, mas as
centrais eletrônicas dos modelos atuais se encarregam de fazer a embreagem
eletromagnética do compressor entrar em ação no melhor momento.
4. Preciso limpar as saídas de ar
do painel?
É recomendável a limpeza das
saídas de ar com pano úmido ou com um pincel macio. Isso elimina a poeira e,
junto com ela, eventuais bactérias. Qualquer produto que não agrida o plástico
das aletas de saída pode ser usado.
5. Fungos e bactérias são
comuns nos sistemas de climatização?
Sim. As tubulações podem abrigar
microrganismos que, em casos extremos, provocam distúrbios nas vias aéreas do
motorista e ocupantes. Alguns modelos topos de linha já incluem tecnologia de
micro/nano compósitos nessas tubulações, para combater as bactérias. ?Mas essa
ainda é uma solução cara e pouco difundida?, diz o conselheiro da SAE.
6. Em caso de mau cheiro,
ligar o aquecimento no máximo funciona?
Essa “técnica” consiste em ligar o
aquecimento do carro na temperatura e velocidade máximas por, pelo menos, 10
minutos. A prática, inclusive, está prevista no manual do proprietário de
muitos carros, mas o resultado pode variar de modelo para modelo. Vale o teste,
de qualquer forma.
7. Usar “cheirinhos”
(odorizadores) nas saídas de ar danificam o sistema?
Esses desodorizantes, de modo
geral, não agridem os componentes do sistema. “Se o motorista gosta de ter um
ambiente aromatizado pode usá-los sem restrições”, garante Satkunas.
8. As higienizações
oferecidas por concessionárias e lojas são eficazes?
Essa higienização visa combater os
microrganismos que se instalam nas tubulações do sistema. Lojas especializadas
e revendas autorizadas costumam cobrar entre R$ 100 e R$ 300 pelo serviço.
9. O
dono do veículo pode fazer essa higienização?
Sim. Consiste em aplicar um spray
apropriado (entre R$ 15 e R$ 50) com válvula ativadora. Fique atento, porém, se
o produto tem propriedades bactericidas. Ligue o ar na velocidade máxima, na
menor temperatura possível e acione a recirculação. Posicione o tubo no
assoalho do carona, acione a válvula, feche o carro e todas as janelas e
aguarde o líquido ser pulverizado na cabine. O ideal é fazer este procedimento
a cada 5 mil ou 10 mil Km. Na troca dos filtros, também é interessante fazer a
aplicação do spray nas peças para combater as eventuais bactérias das
tubulações plásticas do sistema.
10. Se o cheiro ruim
persistir, o que o proprietário do veículo deve fazer?
Neste caso é recomendável fazer a
inspeção do filtro do ar-condicionado, e também do filtro de pólen,
principalmente se o motorista fuma dentro do carro. Se as peças estiverem com
aspecto escurecido é preciso fazer a troca, pois são filtros que não permitem
limpeza com ar comprimido. O problema é que o ar circula por tubulações
plásticas e essas também podem estar impregnadas de resíduos de fumaça. “O
carro terá esse mau cheiro por muito tempo. Um paliativo são os sprays de
higienização aplicados com maior frequência para eliminar o odor”, sugere
Satkunas.
11. Quando a troca do filtro
do ar-condicionado e de pólen são necessárias?
Normalmente, a cada 20 mil Km. Mas
no caso de carros de fumantes, deve ser a cada 10 mil km. Se o carro passou por
uma enchente, a troca dos itens também se faz necessária.
12. Clima mais seco desta
época requer cuidado especial com o ar-condicionado?
O clima externo não influencia no
funcionamento do sistema. O ar-condicionado retira a umidade do ar e torna o
ambiente interno do veículo mais seco para melhorar o conforto.
13. Usar ar-condicionado
aumenta o gasto com combustível?
Os compressores evoluíram e
atualmente são muito mais eficientes. Antigamente, o uso do ar aumentava em até
10% o consumo do automóvel. Hoje, esse impacto é de 5%. Isso porque o ar
“rouba” cada vez menos potência do motor. Mesmo assim, alguns modelos de baixa
cilindrada são equipados com um dispositivo que desliga o compressor quando o
motorista pisa mais fundo no pedal do acelerador, para garantir maior fluxo de
torque do motor e não atrapalhar as retomadas e ultrapassagens.
14. Deve-se usar a
recirculação de ar com frequência?
Ter o ar externo renovando o
interior é uma boa prática. Ao viajar por áreas menos poluídas e nas estradas é
recomendável ter o ar externo sendo tratado pelo ar-condicionado. Mas ao
circular pelos grandes centros urbanos, com muitos materiais particulados, ou
mesmo em túneis, é melhor usar a recirculação interna.
15. Qual a temperatura ideal
para o ar-condicionado automático?
Nos equipamentos automáticos mais
modernos é interessante programar a temperatura em 21°C, segundo o
especialista. Algumas marcas, porém, indicam algo perto dos 23º C. Desta forma,
é possível manter um ambiente agradável em termos de conforto e visibilidade
dentro da cabine, sem necessidade de maior atenção por parte do motorista.
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