terça-feira, 4 de julho de 2017

Brigadeiro de larva, tapioca de grilo... pesquisa no CE incentiva consumo de insetos para combater a fome

Panqueca com recheio de tomate, alface, grilo e tenébrio (Foto: André Teixeira/G1)
Grilo, mosca, larva e formiga não fazem parte da dieta tradicional do brasileiro e até geram repulsa. Mas, criados de forma adequada, são comestíveis. E o melhor: são nutritivos e podem ter bom sabor.

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) cria insetos e os utiliza em pratos elaborados para que a população tenha os primeiros contatos com a dieta baseada nestes bichinhos, ainda novidade no Brasil.

São pratos típicos da nossa culinária, como queijo, tapioca, brigadeiro, crepe, mas tudo recheado com larvas e grilos. "Os insetos dão crocância ao prato. Eles vão agregar valor proteico e crocância para o paladar", explica Rafael Queiroz, professor de gastronomia na UFC.

A ideia é que a comida seja atrativa e de gosto conhecido para o público perder o "tabu", explica Cristiane Coutinho, doutoranda em agronomia na UFC. Já nas próximas décadas, conforme os pesquisadores, o inseto será uma necessidade na alimentação global.

"A gente não tem como mudar o hábito alimentar do homem agora, mas a gente está mostrando a importância do inseto na alimentação, que tem proteína, entre outras substâncias necessárias para o desenvolvimento humano, e mostrando que isso é algo que vai acontecer num futuro. A gente está divulgando primeiramente a importância", afirma.

O estímulo à dieta tem como base um estudo da FAO, órgão da ONU para alimentação, que defende os insetos como uma resposta para o combate à fome no futuro, quando os atuais modelos de alimentação serão insuficientes para alimentar 9 bilhões de pessoas, população estimada do mundo para 2050.

Não vá sair comendo qualquer inseto
Antes que alguém possa pensar em pegar insetos por aí e preparar uma receita que viu na internet, a equipe tem um alerta: os insetos comestíveis são criados em condições especiais de higiene. Ainda assim, nem todos podem ser consumidos.

"Há mais ou menos 1,5 milhão de insetos descritos e só 1,9 mil deles podem ser consumidos. Eles são criados de forma especial, não são como os insetos que estão nas ruas", diz Cristiane.

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