terça-feira, 20 de junho de 2017

Hotel na Suíça tem só uma cama e teto de estrelas

O que seria da Arte se não tivessem inventado a cama. Van Gogh não teria pintado um de seus mais famosos quadros. Frida Kahlo não teria se revelado em situações das mais inquietantes. Roberto Carlos não teria cantado um de seus maiores clássicos. John Lennon e Yoko Ono não teriam revelado sua intimidade entre lençóis e clamado por paz em fotos que entraram para a História. Drummond não teria produzido uma de suas mais belas poesias. Madonna não teria causado em documentário ao lado de sua trupe de bailarinos. Cama é sempre campo fértil.

Uma das mais recentes manifestações artísticas a deitar numa delas vem dos gêmeos suíços Frank e Patrik Riklin (e tem mais, vide o trabalho da artista brasileira Anna Costa e Silva, na página 32). Depois de reunir 14 camas num abrigo nuclear subterrâneo, em 2008, e fincar uma num campo em meio aos alpes, em 2016, eles agora foram mais alto: levaram para o cume de uma montanha de seu país natal o conceito de hotel em que as únicas estrelas são as que os privilegiados hóspedes poderão, com sorte, avistar no ceú. O chamado Null Stern Hotel tem um propósito além de ofererer uma “experiência”. A intenção dos brothers é, parodiando o mercado hoteleiro, criticar o sistema de estrelas e questionar o ideal de luxo da sociedade contemporânea. Os interessados em desembolsar cerca de 270 euros por noite para dormir a 1.200 metros de altitude não precisam necessariamente compartilhar da mesma opinião. De quebra, serão servidos por um fazendeiro-mordomo com luvas brancas e galochas e receberão um drinque na chegada. Para usar o banheiro e se abrigar de uma possível chuva, há uma cabana a uns cinco minutos de caminhada.

Na primeira versão do “hotel sem estrelas” a céu aberto, eles tiveram quase três mil hóspedes. Desta vez, nem bem foi anunciado e já tem candidatos na fila, com lotação até agosto. Não é fácil ter apenas o céu como testemunha.

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