sábado, 19 de novembro de 2016

Há 70 anos eleitor levava a cédula de voto preenchida

Cédula do então candidato a presidente da República, General Eurico Gaspar Dutra, nas eleições de 1945 – Foto: Divulgação/ Tribunal Superior Eleitoral
Se hoje utilizamos a tecnologia como principal ferramenta para exercer a democracia, por meio da urna eletrônica, em boa parte do século XX com eleições com cédulas, o eleitor era obrigado a levar o seu voto preenchido somente para depositar na urna.
Um dos exemplos foi a eleição de 1945, em que o general Dutra foi eleito presidente da República. Na época, o candidato distribuiu as cédulas impressas com seu nome para que os eleitores levassem as urnas. A ´ajuda´ dada pelos partidos era a principal ferramenta para garantir o voto, por isso os ´brindes´ eram fartamente distribuídos antes das eleições. 
Para exercer a democracia, qualquer papel era válido. No dia do pleito, o eleitor se dirigia com a cédula até o local de votação, normalmente, uma igreja, para colocar dentro de um envelope que era entregue e depositado na urna. Uma das artimanhas utilizadas pelos candidatos mais poderosos era a de escrever o nome em papel para dar aos eleitores. Com a informação preenchida e o voto aberto, o eleitor mais ingênuo era coagido a votar nos coronéis que lhe entregavam a cédula pronta. 
Para evitar situações como essas, somente em 1955 a Justiça Eleitoral começou a produzir as cédulas de votação. E para diminuir as fraudes por parte dos eleitores foi determinado o uso obrigatório do título eleitoral com foto, metodologia que seria abolida décadas depois.

Voto Secreto

Outra diferença é que a eleição não era secreta e os chefes políticos da época ficavam próximos das mesas receptoras de votos, fazendo, inclusive, a distribuição das cédulas preenchidas para serem depositadas na urna. Era mais do que uma boca de urna, tratava-se de um modelo de pressão e constrangimento para obtenção dos votos, conhecido como voto cabresto. Apenas em 1932, entrou em vigor o primeiro Código Eleitoral do Brasil, que garantiu o voto secreto, medida fundamental para o início de uma disputa mais justa nas eleições, porém ainda assim o voto cabresto continuou a ser utilizado em larga escala nas eleições brasileiras.

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