domingo, 21 de junho de 2015

Bioengenharia chinesa recria dentes a partir de células extraídas da urina humana



Pode parecer estranho e até mesmo repugnante, mas a urina já foi considerada uma bebida saudável por diferentes civilizações e culturas durante séculos.

Cerca de 50 a.C., os Celtas da Península Ibérica, por exemplo, faziam gargarejos com a urina para branquear os dentes.

Existe também o termo “urinoterapia” que refere-se a uma prática antiga de ingerir o líquido amarelado nas primeiras horas da manhã, como se fosse um medicamento matinal.

A ingestão de urina ainda não apresenta nenhum benefício conhecido para a saúde, já que o líquido nada mais é que um composto de água, 95%, e os 5% restantes não são compostos tão valiosos assim, tendo em vista que o corpo fez o trabalho de eliminá-los.

No entanto, cientistas chineses acreditam que a urina possa ser um produto muito útil na regeneração de dentes perdidos.

A Academia Chinesa de Ciências criou estruturas dentárias em ratos e acredita que um dia será possível utilizar os “germes dentários”, produzidos a partir de bioengenharia, para transplantar em pessoas que perderam seus dentes.

Os cientistas usaram um novo sistema de cultura de tecidos para cultivar células em minúsculas estruturas semelhantes a dentes, que foram implantadas em camundongos.

As primitivas estruturas dentais são os primeiros tecidos sólidos a serem desenvolvidos utilizando uma técnica, no qual as células, a partir de resíduos humanos descartados, podem ser induzidas a se tornarem células estaminais.

Células-tronco foram geradas por meio da urina, com base em estudos anteriores que comprovaram que as células descartadas naturalmente poderiam ser novamente reutilizadas tornando-se células-tronco pluripotentes, e sendo, por sua vez, capazes de gerar vários tipos de células distintas, incluindo neurônios e células musculares do coração.

O Dr. Duanqing Pei, da Academia Chinesa de Ciências, criou as estruturas de dente forçando essas células-tronco a imitarem as células epiteliais, que dão origem ao esmalte, e as mesenquimais, que dão origem aos outros três componentes principais dos dentes, a dentina, o cemento e polpa.

As primeiras folhas planas de células epiteliais já foram misturadas com as células mesenquimais embrionárias de ratos. O produto, posteriormente, foi transplantado em ratos, e três semanas depois, as estruturas do dente haviam se desenvolvido e crescido.

“Os primeiros órgãos de dentes são estruturalmente e fisicamente semelhantes aos dentes humanos. Eles possuem mais ou menos a mesma elasticidade, e contêm celulose, dentina e esmalte de células formadoras”, disse Pei.

Embora os resultados sejam até agora promissores, o método tem algumas limitações. As células de rato possuem uma taxa de cerca de 30% de sucesso, e as estruturas possuem apenas 1/3 da resistência e dureza de um dente humano padrão.

Estes problemas, entretanto, poderiam ser resolvidos quando os pesquisadores conseguirem chegar a uma dosagem ideal na mistura de células e a condição do tecido de cultura.

Além disso, segundo os cientistas, as células geradas a partir da urina de um paciente não seriam rejeitadas pelo receptor de acolhimento, já que seria um produto derivado do próprio material do hospedeiro.

Os pesquisadores acreditam que o experimento, com mais testes e estudos, possa ser em breve uma grande fonte de esperança para a medicina regenerativa.

Fonte: jornalciencia

Nenhum comentário:

Postar um comentário