sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Inaugura palácio presidencial com mil quartos na Turquia

ISTAMBUL — O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, inaugurou na quarta-feira, Dia da República Turca, um novo e polêmico palácio presidencial em Ancara. Embora um acidente em uma mina de carvão no sul do país, que deixou 18 presos, tenha feito ele cancelar a inauguração, Erdogan já abriu as portas do palácio para alguns visitantes.

Inicialmente, o edifício deveria servir como residência oficial do primeiro-ministro. Mas após ganhar as eleições presidenciais em agosto Erdogan decidiu que seria ele como chefe de Estado quem o ocuparia, aparentemente em acordo com a ideia de “Nova Turquia”, que tem propagado desde sua chegada à Presidência. Considerada até agora uma figura cerimonial, a Presidência foi apresentada por Erdogan em seus comícios como algo mais ativo, e ele defende mudanças constitucionais para aumentar os poderes do cargo.

A construção do novo palácio ocorreu apesar de várias ações judiciais contrárias, inclusive porque ele foi construído em terrenos onde não havia permissão para novas construções.

— Podem demolir se tiverem poder suficiente para fazê-lo. Não vão ser capazes de detê-lo. Eu o inaugurarei e o ocuparei. — disse ele em março deste ano, quando ainda era primeiro-ministro e antes das eleições presidenciais.

Construído em uma área de bosques que pertenceu a Mustafa Kemal Ataturk, e depois doada para o Estado pelo fundador da república turca moderna em 1937, a fazenda tem 200 mil metros quadrados, dos quais 40 mil foram construídos. O custo, não divulgado, é estimado em US$ 275 milhões.

Conhecido popularmente como Ak Saray, palácio branco em turco, o que joga com as siglas do partido de Erdogan, AK Parti, o complexo tem mil quartos e grandes esquemas de segurança, que incluem bunkers e túneis contra ataques químicos, além de uma sala de guerra subterrânea. Segundo a imprensa local, um dos escritórios está inspirado na Sala Oval da Casa Branca, em Washington, que também não teria nenhum elemento eletrônico como forma de proteção contra a espionagem.

A oposição turca criticou a mudança da residência oficial de Cankaya para o novo palácio, e também considerou o custo excessivo. Para os críticos, mais uma prova do “autoritarismo” crescente do presidente turco.


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