
É lamentável abrirmos um jornal e nos depararmos com matérias como a que saiu na página 2 de Cidades do Jornal do Commercio do dia 11. Saber que numa cidade como o Recife existem apenas duas bibliotecas públicas municipais não nos deixa somente tristes faz vergonha.
Recife sem programa de estímulo à leitura
Parece mentira, mas a capital pernambucana, metrópole com mais de um milhão e meio de habitantes, 94 bairros, que se dividem em diversas comunidades, cada qual com suas particularidades, tem apenas duas bibliotecas municipais. Duas. Para chamar a atenção de todos os moradores da cidade, incluindo quem vive nas 66 áreas que a Prefeitura do Recife chama de Zonas Especiais de Interesse Social, marginalizadas, apesar do reconhecimento oficial.
Casa Amarela, na Zona Norte, e Afogados, na Zona Oeste recifense, são os dois bairros que conseguiram manter em pé, desde a década de 50, as bibliotecas administradas pela prefeitura. Desde lá, outras inauguraram, mas deixaram de existir por falta de espaço próprio. E ficou por isso mesmo. As que ficaram funcionam de forma organizada e promovem ações de inclusão e incentivo da leitura, como o Pegue & Leve, iniciativa dos funcionários da unidade de Afogados e adotada pela biblioteca de Casa Amarela.
A ideia é que, todo mês, os livros repetidos do acervo sejam expostos em uma mesa para, quem quiser levar pra casa. Tem gente que já montou biblioteca particular por causa do projeto. A entidade de Afogados é famosa pelos concursos de poesia e de contos que têm ampla repercussão. A instituição da Zona Oeste, assim como a de Casa Amarela, possui espaço infantil e contação de histórias. Em Afogados, existe até colônia de férias e aulas de reforço gratuitas.
São dois espaços que dão certo e custam juntos, R$ 40 mil anuais à prefeitura. Se R$ 240 mil foram gastos pelo Executivo Municipal somente para a decoração da cidade no último Carnaval, o que são R$ 40 mil para duas bibliotecas que funcionam o ano inteiro? É nessa tecla que bate o professor do Departamento de Ciências da Informação da Universidade Federal de Pernambuco, Lourival Pereira, em palestras. “Elas não abrangem as comunidades dos altos, das periferias. São isoladas de uma imensa parcela da sociedade. Não só as duas municipais, mas a do Estado também não é convidativa”, explica.
De acordo com a Secretaria de Cultura, em nota, a cidade receberá três novas bibliotecas nos bairros do Ibura, Alto de Santa Terezinha e Caxangá. Elas devem ser instaladas dentro das três Praças dos Esportes e da Cultura (PEC), do governo federal, previstas para serem construídas até março do ano que vem.
Fonte: Blog Diário de classe
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