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O texto abaixo foi escrito por Cláudia Parente e publicado na coluna JC nas Ruas, do Jornal do Commercio. Cláudia faz uma abordagem interessante sobre a indiferença em nossa sociedade.
Quando duas crianças saíram de uma escola privada sem serem percebidas pelos vigilantes, no início deste mês, houve um clamor indignado contra a falta de segurança em um colégio tão caro e tradicional. Mas ninguém atentou para um fato ainda mais grave: a indiferença das pessoas que tiveram contato direto com os pequenos e não se deram ao trabalho de levá-los de volta à unidade.
Uma sociedade que não se preocupa com o destino de duas crianças de classe média alta é capaz de se sensibilizar com a violência diária nas escolas públicas?
Esta semana, em Olinda, uma menina de 12 anos levou socos, pontapés e até uma mordida na sala de aula. Pelos relatos, a professora estava presente, mas não fez menção de defender a menina. Limitou-se a encaminhá-la, junto com os agressores, para a diretoria. Essa atitude omissa mostra, em parte, porque os professores estão perdendo a autoridade e a violência ganhando terreno a cada dia.
Como responsável pelos menores, o docente tem a obrigação de, pelo menos, tentar defendê-los. Se a tarefa é maior que as forças, que peça ajuda. Mas a omissão é imperdoável.
A violência nas escolas é um retrato do que ocorre nas ruas e resulta, em parte, do esgarçamento dos laços sociais. Os agressores normalmente vêm de famílias esfaceladas. Encontram-se um ambiente onde também impera a indiferença, como vão aprender a ter limites e respeitar o semelhante?
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