sábado, 23 de abril de 2022

Fartura de umbu no semiárido nordestino


A safra do umbu vai chegando ao fim no Sertão. Com início em dezembro, a colheita é uma das maiores dos últimos três anos em Pernambuco. Além da fartura para a produção da umbuzada, bebida típica do semiárido, um bom número de agricultores, especialmente do Sertão do São Francisco, aproveitou para “ganhar uns trocados”. O fruto, de sabor exótico e grande valor nutricional, é transformado em polpa.

Em Santa Maria da Boa Vista, o agricultor Afonso Caetano começou a colheita em janeiro, segundo a TV Grande Rio. A boa safra resultou das chuvas no último trimestre de 2021. O verde dos umbuzeiros brotou, especialmente com as águas de novembro, e frutificou bastante, Tanto que o agricultor colheu mais de uma centena de quilo de fruto por árvore com um mês de safra.

Afonso Caetano contou que os negócios vão desde a polpa, com o quilo vendido a R$ 15, a geleias, doces e o próprio fruto. Negócios de encher os olhos e bom para a sobrevivência. O agricultor e o seu irmão, Sales Caetano, possuem terras com centenas de umbuzeiros. Eles estimam que as áreas da família possuem entre 700 e 800 pés. Em boas safras, uma árvore pode dar até 200 quilos de frutos.

O bom, segundo os agricultores, é que parte dos umbuzeiros da caatinga pernambucana manteve cargas de frutos até março e abril deste ano. Assim como em Santa Maria da Boa Vista, a colheita foi boa nos municípios sertanejos de Parnamirim, Orocó, Cabrobó, Terra Nova e Belém do São Francisco.

Do lado baiano do Rio São Francisco, a fartura se repetiu em Curaçá, Uauá e Canudos, onde, assim como nas terras pernambucanas, a colheita levou à produção de doces, geleias, polpa e bebidas. Nessa região da Bahia existe a é a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), iniciada por um grupo de 44 agricultores familiares em 2004.

A colheita deste ano é celebrada pela presidente da Coopercuc, Denise Cardoso. “Os produtos derivados do umbu que produzimos são a geleia, os doces, doce de corte, cerveja, licor, umbubom... Tem vários produtos, tem as polpas, os sucos. Acredito que será um ano bom para gente”, disse.

Os números comprovam a boa safra. Em uma só venda de umbu selecionado em natura, a cooperativa entregou cerca 2.300 quilos ao Centro de Distribuição do Carrefour no Recife. O produto seguiu para lojas da rede em todo o Nordeste.

Festa celebra o umbuzeiro em Parnamirim

O umbu é motivo de festejo em Parnamirim, a 570 quilômetros da capital pernambucana. A sétima versão da Festa do Umbu, organizada por voluntários na Fazenda Floresta, ocorreu nos últimos sábado e domingo. Os dois dias foram marcados por apresentações culturais e, logicamente, degustações de produtos derivados do umbu.

A festa pretende despertar a sociedade para o valor da árvore, vista como sagrada pelos sertanejos. “Nosso propósito é reforçar a importância da preservação do umbuzeiro e suas potencialidades enquanto geração de vida e renda, além do resgate e valorização das manifestações populares e tradicionais dos povos da Caatinga”, disse Lídio Parente, fotógrafo e idealizador dos festejos.

Neste domingo, último dia do evento, a programação começou por volta das 10h com um espetáculo de reisado, seguido da apresentação dos Reis de Congo da Ilha de São Félix, no município de Orocó. Ainda, sob o espírito da valorização da cultura local, a companhia de dança Na pisada do Sertão, de Terra Nova, e o Maracatu Baque Virado de Salgueiro, se apresentaram no terreiro da fazenda.

O programa cultural do sábado foi mais eclético. Começou com o filme Na quadrada das águas perdidas, dirigido por Wagner Miranda e Marcos Carvalho e com a participação do ator Matheus Nachtergaele. Já os shows reservaram lugar para diversos ritmos, do rock ao pop, da música popular brasileira ao forró, com Ivan Junior, Neudo Oliveira, As Severinas e Jorge do Acordeon. Sol Ferreira, Maciel Melo e Flávio Leandro se apresentaram neste domingo.

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