Em 3° lugar no número de mortes pelo novo coronavírus no Brasil, Pernambuco já registra fila de pacientes à espera de vaga em unidades intensivas de tratamento (UTI). "Os profissionais de saúde estão tendo de tomar opções sobre quem levar primeiro para terapia intensiva", afirmou o secretário estadual da Saúde, André Longo.
Segundo boletim epidemiológico desta quarta-feira, 29, Pernambuco confirmou 470 novos casos e 30 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas. Com isso, o Estado chegou a 538 mortes, atrás apenas de São Paulo e do Rio, e 6.194 diagnósticos desde o início da pandemia - dos quais 4.045 (65,3%) se enquadram como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e são considerados graves.
Diante do aumento acelerado das notificações, a gestão Paulo Câmara (PSB) afirma ter aumentado o número de leitos à disposição em UTIs públicas, mas que não foi suficiente para acompanhar a "franca aceleração da curva epidêmica". Também já há relatos de hospitais particulares lotados. Segundo o governo, há 1.002 internados -- 203 em UTIs e 799 em leitos de enfermaria, tanto na rede pública quanto privada.
O governo de Pernambuco culpa o desrespeito ao isolamento social e diz não estudar medidas para relaxar a quarentena. "O que está acontecendo hoje é reflexo de 14, 15 dias atrás", disse Longo. "Aqueles que desmerecem o isolamento social, que zombam dos casos de morte e ignoram a gravidade da situação não encontram espaço da nossa mesa de discussão".
'A guerra está a pleno vapor e vai aumentar ainda mais'
Chefe do setor de Infectologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no Recife, o médico infectologista Demetrius Montenegro confirma o aumento de pressão nas unidades de atendimento. O hospital é referência no tratamento ao coronavírus na capital. "É muito triste sair do hospital e ver o número de pacientes aumentando", disse Montenegro. "A guerra está a pleno vapor e vai aumentar ainda mais."
Em Pernambuco, profissionais de saúde de outras áreas, que atuam em ambulatórios ou em procedimentos eletivos foram convocados para a linha de frente contra a covid-19. O governo também estuda contratar médicos residentes para reforçar o quadro local. "Isso é uma guerra silenciosa. Ninguém escuta bomba estourando, mas se prestar atenção vai perceber o aumento das sirenes de ambulância passando pelas ruas", afirmou.
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