Dona de 95 medalhas,
conquistadas ao longo de sete anos, a campeã de queda de braço Kelly Cordeiro,
de Piedade (SP), coleciona disputas e vitórias, e não se intimida quando o
assunto é desafio.
Aos 21 anos, a lutadora conta que nunca sofreu preconceito, mas que
gostaria de conseguir sobreviver do esporte, sua paixão desde os 14 anos. A jovem disse
que a maior influência para se inserir neste universo veio da família, principalmente
o pai.
"O preconceito para uma mulher que pratica luta de braço é fora da
mesa, fora desse meio, por ser um esporte muito masculinizado. Já lutei contra
homem. Às vezes se for um cara do mesmo porte físico, do mesmo peso eu já
cheguei a ganhar. Lutei e luto, tranquilo".
O estereótipo de que a queda
de braço é um esporte feito para homens é quebrado diariamente pela atleta,
que, mesmo não ganhando premiações em dinheiro, continua com a prática.
"As mulheres sempre vão ser minoria. Me falam que não aparenta que eu
luto, mas eu faço porque eu gosto", completa.
A última vitória de
Kelly foi contra uma americana no campeonato "Armwrestling Open",
realizado em Campinas no dia 8 de dezembro. Como prêmio, ela levou para casa um
cinturão, suplementos alimentares e uma pequena quantia em dólar, cerca de US$
100.
Para competir Kelly já foi a países como
Bolívia e Argentina. No último, enfrentou uma aventura de quase 30 horas de
viagem para conseguir chegar até o local da disputa, na cidade de Berazategui,
em abril de 2017.
Acompanhada da irmã e de um
amigo, que também competem, Kelly ficou presa na Marginal Tietê durante a ida
até o aeroporto de Guarulhos e acabou perdendo o voo. Como eles não conseguiram
remarcar, precisaram comprar outra passagem até Montevidéu, no Uruguai.
"Ficamos presos na
marginal porque tinha chovido muito. Chegamos no aeroporto, mas não conseguimos
remarcar o voo", explicou.
Depois o trio precisou
andar de táxi, ônibus e barco para chegar ao destino final. "A gente
chegou, trocou de roupa e foi para a luta. Todo esse tempo nós ficamos sem
comer e sem tomar banho", disse Kelly, que levou o segundo lugar em sua
categoria.
Como não consegue se
manter financeiramente com as lutas, Kelly trabalha como assistente pessoal e
cursa faculdade de Recursos Humanos em Sorocaba (SP). Os treinos para as
competições são realizados em casa três vezes por semana, com a ajuda do pai e
da irmã.
"Começou como um
hobby, não sabia que ia ter a intensidade que tem hoje, que eu ia pegar amor
pelo esporte", contou Kelly.
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