segunda-feira, 23 de maio de 2011

TRÁFICO DE INFLUÊNCIA COM NOTA FISCAL




Consultoria empresarial é o novo nome da picaretagem lá em Brasília. Na verdade, trata-se de tráfico de influência com nota fiscal e, o que é pior, usando toda a máquina administrativa do governo. O sujeito que tem – ou teve – alguma influência, garimpa através dos tentáculos da corrupção os problemas insolúveis que dormem nas gavetas da burocracia. Entra em contato com as pessoas e ou empresas que têm interesse em solucioná-los e oferece a sua “consultoria empresarial” que sempre custa preços astronômicos.
Fechado o acordo, ele se movimenta pelas sombras do poder, aciona os seus comparsas e com o peso da sua influência soluciona o que antes parecia ser insolúvel. Mesmo que essa solução esbarre na ética e, muitas vezes, tropece na legalidade. Está aí a Helenice Guerra que não me deixa mentir.
Ou alguém ainda acredita que Marcos Valério ficou rico ao ponto de distribuir milhões aos deputados fazendo anúncios de publicidade? E Delúbio Soares, e Silvinho Pereira, e José Genuíno, e José Sarney? E agora se descobre que também Antonio Palocci ficou rico à custa dessa tal de consultoria empresarial.
Ou somos mesmo idiotas de verdade e acreditamos nessa desculpa esfarrapada, ou a cara de pau dos nossos governantes chegou aos píncaros da hipocrisia e do escárnio. Todos esses cidadãos (se é que se pode chamar de cidadãos certos picaretas), tiveram – e ainda têm – muito poder em suas mãos. E poder é grana... Muita grana! Palocci, por exemplo, comandou a nossa economia por um longo período e por suas mãos passava todo o PIB brasileiro. Mas tentam nos fazer acreditar que ele ficou rico prestando consultorias. Certamente, o petista de Ribeirão Preto ganhou nas duas pontas – como ministro e como traficante de influência.
Isso, sem falar do grande capo dessa máfia que é o mineiro José Dirceu. O inventor do “mensalão”, que comprava parlamentares a peso de ouro, hoje é um homem muito rico. E apesar de ter perdido o mandato e de ter caído no ostracismo, jamais perdeu o seu poder. Dirceu continua dando as cartas e jogando de mão nos desvios do poder. Na casa Civil ele pôs em prática a máxima de São Francisco de Assis: é dando que se recebe. Atualmente, como “consultor”, vem defendendo os seus milhões com o jogo sujo do tráfico de influência. Recentemente, a revista Veja escancarou ao país as maracutaias que ele vem praticando. Dirceu só não é um homem realizado, pois era ele que deveria estar no lugar da Dilma sentadinho na cadeira presidencial. Estava tudo planejado para isso, mas o escândalo do mensalão acabou com os seus sonhos de poder absoluto... e ele perdeu a grande chance de ser presidente. Até hoje o Zé morde os cotovelos por causa disso.
E nós, pobres mortais, como ficamos nisso tudo? Bem, como diria o Chico, a gente vai levando, a gente vai tocando, a gente vai tomando... a gente vai tentando dourar – e engolir - essa pílula!

JOSÉ ROBERTO PALLADINO
Jornalista

Colaboradora: Malu Vilela

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