terça-feira, 2 de setembro de 2014

Três anos após ganhar fama, juiz travesti do Ceará pensa em largar o futebol



Laleska, árbitro travesti do Ceará

O ano de 2011 contava com alguns poucos dias quando o árbitro Valério Gama foi chamado para apitar um jogo do Ferroviário em preparação para o Campeonato Cearense daquele ano. O duelo, realizado contra a seleção da cidade de Beberibe, interior do estado, ganharia as manchetes de muitos veículos de comunicação do país. Valério, mais conhecida por Laleska, era o primeiro árbitro travesti do Brasil. 

Pouco mais de três anos e meio depois, Laleska tem sofrido no futebol. Foi vetada e tirada do quadro de árbitros que apita a Liga Municipal de Beberibe, segundo ela, por razões políticas. Mas contiua arbitrando todos os tipos de jogo em cidades próximas, de futebol, society e futsal. Cobra R$ 100 por partida. 

Laleska, árbitro travesti do Ceará
Aos 35 anos, ela, que não pôde tentar o ingresso no quadro de árbitros da Federação Cearense por estourar a idade mínima, diz agora que pensa em abandonar o apito no fim do ano. Está cansada de enfrentar a pressão dentro das quatro linhas. Muitas vezes, horas após os jogos, discute com jogadores e torcedores nos bares.
 
- Imagine a cena: eu, já bêbada, batendo boca com povo dos times na noitada. A gente discute mesmo. Tem que ser muito macho para apitar jogo aqui. De bicha só eu. Se bem que sou mais macho que muita gente. Mas estou cansada. Acho que já deu. Vou lavar roupa, trabalhar em restaurante, sei lá...Em dezembro eu tomo a decisão. 

Nos últimos três anos, Laleska curtiu a fama, sendo até convidada para alguns programas de televisão. Tomando hormônio feminino desde 2001, ela passa por mulher para muitos dentro de campo. 

- A maioria acha que sou mulher mesmo. Na arquibancada, poucos me chamam de veado.  Às vezes gritam "rapariga". Mas apesar das coisas que todos os árbitros escutam, existe o respeito. Não sofro preconceito e espero que continue assim. Pelo menos até o dia que eu pendurar o apito. 



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